

O curta-metragem Escaton expressa uma espera. Pelo que se esperar quando nada mais lhe resta nessa vida, quando tudo já se foi com o vento? A memória e o sofrimento das perdas que nos acompanham geram-nos um anseio por uma restauração ainda mais completa. O escritor C.S. Lewis descreveu esse sentimento como o "anseio inconsolável por aquilo que não sabemos". É a "nossa nostalgia de toda a vida, nosso desejo de nos reunirmos com algo no universo do qual agora nos sentimos separados". Embora esse desejo frequentemente surja da memória do passado, das pessoas que amamos e que se foram, essas são imagens substitutas de algo ainda maior. Em suma, existe no coração do homem uma profunda saudade de um lar longínquo. Como uma lembrança impressa em nós do Éden inicial. Esse curta é uma brevíssima e simples lamentação em meio à essa espera e anseio por Deus. Da saudade da comunhão plena que se perdeu. E é isso que gira em torno do termo Escaton que, apesar de significar “últimas coisas”, no grego, traz para mim um sentido absoluto que sou incapaz de descrever e de expressar adequadamente, mas que envolve a consumação da criação; envolve a esperança ancorada em algo que já aconteceu, e que ao mesmo tempo, ainda está por vir; envolve o Verbo que se fez homem por amor do homem caído. Este é o Amor que atravessa o tempo e o espaço, e que anseia por nos conduzir de volta para Deus.
Sinopse: Um senhor viaja em um trem enquanto espera pela consumação do tempo.
Trabalho de conclusão de curso. Design-FAUUSP. 2021
Direção e animação: Débora Matsuda.
Música: Max Richter - Dream 1 (Before the wind blows it all away)
Link do video: https://www.youtube.com/watch?v=gwKiLa5S8cw